domingo, dezembro 28, 2008

:: Palavras que o vento não leva ::

"Você entende que é muito difícil racionalizar? Aceitar as impossibilidades? Admitir que não é o momento e seguir em frente? Talvez seja preciso mais coragem para viver a realidade do que se entregar ao sonho e à fantasia! E talvez eu não tenha essa coragem! Por outro lado, sou como todo mundo! Também posso sonhar, me confundir e cometer enganos, como qualquer pessoa! Será que eu preciso necessariamente fazer um exame de consciência?"

Palavras são perigosas. Algumas deveriam ser trancadas em um cofre, preso a uma âncora e jogado em uma fossa abissal.

Subo uma montanha, procuro por uma árvore e faço nela um buraco. Então, deixo ali todos os meus segredos e fecho o buraco.

Mas os segredos são como os desejos: nunca terminam!

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quarta-feira, dezembro 24, 2008

:: Surpresas que a poeira revela (parte 1) ::

Datas são referências artificiais. A própria idéia de marco é relativa, exatamente por ser simbólica, artificial e arbitrária. Fazem parte do nosso imaginário, escondendo propósitos, cada vez mais identificados com o consumismo desenfreado. Mesmo assim, o fim-de-ano inspira em todos nós uma vontade de renovação. Males do capitalismo, sob o disfarçe do sentido de paz e fraternidade. Mas é contagioso, tenho que admitir.

Inspiração que me leva a arrumar papéis, textos e livros de faculdade, e arrumá-los em estantes já entupidas segundo uma lógica que somente eu consigo entender. E digo a mim mesmo "É pra aliviar a claustrofobia". Quando me dou conta, a caixa de Pandora está aberta: sacolas espalhadas há séculos sendo reviradas, fotos e postais de viagens sendo redescobertos, uma camisa em alemão cujas inscrições me parecem incompreensíveis agora, zilhões de ácaros, fungos e outros seres microscópicos viajando pelas minhas narinas, o que me faz espirrar a cada dois segundos!

De repente, eis que descubro um toblerone, gigante, novinho em folha! Como isso é possível? Sim, dentro dos restos de viagens pretéritas, algo inteiramente inesperado! Caramba, ainda estará na validade? Prefiro não saber! Devoro aquela felicidade em forma de barra!

Ah, sinto-me bem melhor!

Pensando bem, isso não é triste?

(Continua)

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terça-feira, dezembro 16, 2008

:: Eu, eu mesmo e todos nós ::

Estou cansado de pragmatismo. Essa palavra lembra o pé-no-chão, a vida como ela é. O pragmatismo é a vitória do medo e a morte do sonho. E, sem sonho, não há futuro.

Estou aprendendo a tomar gosto pela incerteza. Ser vários e nenhum, questionar as regras, algumas que nem nos damos conta. Aceitar a metaformose, desejá-la, pois em time que está ganhando se mexe sim.

Já faz tempo, as lembranças não me dizem exatamente quando aconteceu. Mas a memória é seletiva, daí lembro com uma nitidez impressionante de tudo aquilo que me emociona. Marie, a filha de cinco anos de meus amigos Led e Anne, me pediu em casamento. Engasguei. Led ficou mudo. Anne quebrou o silêncio e perguntou por que ela queria se casar comigo. E ela disse, sem titubear: "Ué, a gente casa com quem a gente gosta".

Foi a mais linda declaração de amor que já ouvi!

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