domingo, dezembro 01, 2002

:: Thesme e o Ghayrog (1) ::

...
Ela não queria dormir sozinha, aconchegada desta maneira no solo.
Com um cuidado exagerado, Thesme pôs-se de joelhos, firmou-se e lentamente rastejou na direção da cama. Olhou para ghayrog, mas os seus olhos estavam enevoados e ela apenas conseguia distinguir um rude contorno dele.
- Estás a dormir? - murmurou ela.
- Sabe que eu não estaria a dormir.
- Evidentemente. Evidentemente. Foi estupidez minha.
- Passa-se algo de errado, Thesme?
- Errado? Não, na realidade não. Nada de errado. Exceto que ... apenas isso - ela hesitou - Eu estou embriagada, sabe? Percebe o que embriagada quer dizer?
- Sim.
- Não gosto de estar no chão. Posso deitar-me a seu lado?
- Se deseja.
- Tenho de ter muito cuidado. Não quero bater na sua perna doente. Mostre-me qual é.
- Está quase curada, Thesme. Não se preocupe. Aqui: deite-se. - Ela sentiu a sua mão fechar-se em torno de seu pulso e puxá-la para cima. Sentiu-se flutuar e deslizar facilmente para o lado dele. Ela podia sentir a estranha pele dura como uma concha contra ela desde o peito à anca, tão fria, tão escamosa, tão macia. Timidamente, passou a mão pelo corpo dele. Era como um belo invólucro, pensou ela, enterrando um pouco as pontas dos dedos, sondando os poderosos músculos sob a superfície rígida. O seu odor mudou, tornando-se picante, trespassante.
- Gosto do seu cheiro - murmurou ela.
Thesme enterrou-lhe a testa no peito e apertou-se contra ele. Há meses e meses, quase um ano, que não estava na cama com alguém, e era bom sentí-lo tão perto. Até um ghayrog, pensou ela. Até um ghayrog. Apenas para sentir o contato, a proximidade. Sabe tão bem.
Ele tocou-lhe.
Ela não esperava isso. Toda a natureza da sua relação residia em ela cuidar dele e dele aceitar passivamente os seus serviços. Mas de repente a sua mão - fria, rugosa, escamosa, macia - percorria o seu corpo. Passando suavemente sobre os seus seios, descendo a sua barriga, detendo-se na suas coxas. Que era isto? Estava Vismaan a fazer amor com ela? Ela pensou no seu corpo sem sexo, como uma máquina. Ele continuou a afagá-la. "Isto é muito estranho", pensou ela. "Mesmo para Thesme", disse a si mesma, "isto é uma coisa extremamente estranha. Ele não é humano. E eu...
"E eu estou muito só.
"E estou muito embriagada."
- Sim, por favor - disse ela suavemente. - Por favor.
Esperava apenas que ele continuasse a afagá-la. Mas ele pôs um braço em torno dos seus ombros e levantou-a facilmente, gentilmente, rolando-a para cima dele e baixando-a e ela sentiu a inequívoca e protuberante rigidez da virilidade contra a sua coxa. O que? Tinha ele escondido em algum lugar, sob suas escamas, um pênis que tiraria quando necessitava de o usar? E ia ele...
Sim.
...

(Continua)

:)))

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